"Escrevo para não sentir medo, ainda que não seja bom o que escrevo, ainda que não haja coerência no que sou agora. Não me importa a coerência. Falo um poema em voz alta, apenas para ouvir minha voz. Mas no meio do poema descubro verdades que eu te diria".

(Caio F. Abreu, em Escuta)

A vida é muito irônica, eis a verdade. E de repente você se vê no meio de um redemoinho cheio de confusão, emoções e sentimentos misturados que te deixam à beira de um ataque de nervos. Não há sentido, explicação ou culpados. Só acontece, sem aviso e nem permissão. Já falei, né? Ironias da vida.

No caminho você descobre quem quem está ao teu lado nas trincheiras e também se magoa com quem menos espera. Você se descobre, se reconhece e conhece mais sobre seus limites. E aí vem a resiliência que você nem sabia que poderia ter, aos trancos e barrancos, te tirando da inércia e da vontade de desaparecer como quem lentamente se afoga no meio do mar.

Você muda no processo, para o bem ou para o mal. Aprende das maneiras mais incômodas, à base das porradas, que o caminho é assim mesmo, cheio de pedras que não viram um castelo, mas que podem ser chutadas para longe. Algumas quedas acontecem, mas os joelhos ralados não impedem o caminhar. E assim se vai, colocando algumas margaridas na sua fossa e torcendo para que, em algum momento, as coisas se tornem mais leves e doces.

O primeiro texto de 2023, e depois de um hiato considerável, foi parido após longos meses de inquietação que, finalmente, foi colocada pra fora.

Foto: autoria própria.