Consigo passar horas praticamente imóvel, apenas pensando e sentindo. Desligo-me da realidade circundante, vôo longe e caio naquela que foi vivida, permanece e continuará. Digo, sem medo algum, que te amo e ponto. Não abro mão de admitir que sou piegas, clichê e infantil a ponto de me sentir completamente sozinha e chorar horrores só de saudade, mesmo sabendo que estás aqui, dentro de mim.

Tenho os olhos fixos em algum ponto que não me interessa em nada. É o olhar de quem busca achar tudo que não está ao alcance dos olhos no momento: tu. Tamanha é a vontade que tenho de ficar calma nos teus braços, como já fiquei tantas vezes. Sabe, pequeno, tu consegues me acalmar apenas com o olhar, por que teu abraço contém a medida certa para me fazer perceber que nada é tão ruim como parece ser. Prendo-me nas coisas boas, seguro forte a tua camisa e sempre olho a aliança em meu dedo para lembrar de que o compromisso existe e vamos em frente.

Sinto saudade de mergulhar no teu ombro e ficar em silêncio, sentindo o cheiro do teu perfume que se mistura ao teu próprio cheiro e que tanto amo. Vontade de te sentir em mim novamente, teu descanso no meu corpo, enquanto passo uma mão nos teus cabelos e outra nas costas e te digo que está tudo bem. E ficar assim por um longo tempo, com teu suor em mim e sem pudor algum, por que somos só tu e eu e nos amamos assim, simplesmente. Ainda me vejo contornando teu rosto levemente com os dedos, enquanto tu, quase dormindo, sorri de leve.

Saber das nossas risadas e momentos felizes é o que me mantém satisfeita. É o que me faz querer esperar, apesar de qualquer coisa, todo o tempo que for necessário para que tudo se ajeite novamente. Mantenho os pensamentos fixos em tu, choro de saudade, ouço Jobim dizer que "chega de saudade" e nos vejo descritos em versos de outros. O peito aperta, e vem a vontade de correr ao teu encontro. Vamos assim, construindo o caminho, segurando a saudade e mantendo a falta, por que é dela que vem o forte desejo de te ter aqui novamente.