"Também não ando muito animado. Mas voltei a escrever, ou pelo menos a mexer nas gavetas, nos papéis, nos fantasmas.
Ando muito só, um tanto assustado, e com a esquisita sensação de que tudo acabou.
Ou pelo menos está se transformando — e radicalmente — em outra coisa.
É tão vago, não sei sequer dizer do que se trata."
(Caio F. Abreu, “Carta a Maria Adelaide Amaral - Sampa, 4 de março de 1987”
Caio Fernando Abreu: Cartas, de Italo Moriconi.)
Ando muito só, um tanto assustado, e com a esquisita sensação de que tudo acabou.
Ou pelo menos está se transformando — e radicalmente — em outra coisa.
É tão vago, não sei sequer dizer do que se trata."
(Caio F. Abreu, “Carta a Maria Adelaide Amaral - Sampa, 4 de março de 1987”
Caio Fernando Abreu: Cartas, de Italo Moriconi.)
Devo dizer que não sei bem por onde começar e isso é natural, dizem. É comum se sentir desorientado quando se é atropelado pela vida. Inclusive, dizem que é nesses momentos que as possibilidades de mudança se mostram, basta só saber enxergá-la com olhos sensíveis e atentos. O que parece repentino, na verdade, se mostra lentamente. Eu não quis enxergar. Fui atropelada.
É tudo tão vago e confuso e clichê. De repente me vejo com memórias expostas, sensações e sentimentos que já me acometeram anos atrás. Resolvi, em uma tentativa tola e minimamente efetiva, mexer nas gavetas, nas caixas, nos cômodos e nos fantasmas em uma compulsão insana por organização. Quando nos vemos bagunçados, organizamos os objetos para tentar restaurar a ordem das coisas. Revirei tudo e joguei sacolas enormes no lixo. Foram-se lembranças que não importam mais e cacos de uma vida que já não quero mais. Busca-se a renovação.
Não é fácil achar um caminho a seguir. Dicas estão aí aos montes, estampados em outdoors e nas prateleiras, ao alcance das mãos. E eu, entre um gole desesperado de café e outro, sigo buscando algum sinal que me indique que agora sim, achei o meu jeito de lidar com as coisas.
Por enquanto, continuo enchendo sacolas com lixo em meio a faxinas compulsivas. Esvazio tudo o que posso, inclusive a mim.
Esvaziar-se do que prende ao passado ou do que faz mal é fundamental, amor! Isso é a reorganização da base pra depois vir os outros passos! Ótimo!
ResponderExcluirEmbora pareça um pouco down o teu texto, há uma essência nele, um olhar otimista de querer renovar as coisas e AGIR para que isso aconteça!
Isso é querer a mudança e fazer com que ela aconteça!
Estmaos de braços dados, amor. Sempre!
Te amo!!!
Te descobri no Líricas e resolvi dar uma olhada, não sei a que se refere o texto, mas deu um aperto no peito. Sinal de que está bem escrito. ;) abraço.
ResponderExcluirQue lindo, tu veio pelo Líricas! <3
ExcluirObrigada, viu?
Abraço!