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34. Recifense morando em Caruaru.
Canceriana com ascendente em sagitário.
Psicóloga no RH. Viciada em café.

Luciana

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Sobre algemas, falta de talento e tristeza



Desculpe, eu não sei disfarçar minhas tristezas com um sorriso colado no rosto. O máximo de disfarce que consigo é uma irritação perigosa, daquelas que ameaça quem se aproximar. Não, não sei sofrer pela metade. Preciso passar pelo sofrimento inteiro para poder ter a certeza de que talvez possa seguir em frente. Eu já nasci assim, tempestuosa e metida a independente. Mas nunca prometi que seria alegre e saltitante. Tenho uma melancolia implícita que me obriga a chorar litros cada vez que algo me entristece.

Não sei engolir o choro e a coleção de lágrimas no meu travesseiro é a prova concreta disso. Eu choro com beijos de novela e vídeos de casamento. Choro assistindo filmes dramáticos ou assistindo algum episódio de Grey's Anatomy. Chorei quando terminei o colégio e chorei novamente quando terminei a faculdade. Ser adulta me incomoda. A vida é doída. Deixem-me viver os meus prantos em paz.

Eu nunca tive talento para algemar a tristeza. Deixo ela transbordar inteira nas folhas de papel e me curo dos tapas da vida assim, transbordando. Reprimir o choro me torna apática. E enquanto vocês enchem a cara de álcool para esquecer os problemas, eu exagero e me jogo de vez no sofrimento.

Não preciso e nem quero ajuda. Meus excessos me satisfazem e gosto quando o sofrimento me toma por inteiro e consigo esvaziar-me dele até a última gota. Gotas de água salgada, mas que espantam qualquer assombração. O sofrimento me constrói, faz de mim o que sou. E se não faço questão de algemá-lo, é porque quero ter a oportunidade de colocá-lo para fora sempre que puder. Não vou engolir o choro, vou jogá-la fora através de meus olhos.



Pauta de segunda lá do grupo de  Blogueiros e completamente inspirado nesse texto aqui.



Imagem: New Girl Things (porque essa cena é épica)

Comentários

  1. Maria Fernanda Probstmarço 19, 2012

    Vi tanto de mim por aí que quis copiar o texto inteiro.
    Perfeito, Lu.

    Beijo

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  2. Luanagabriellasmarço 19, 2012

    Lu, eu já chorei tanto, tanto e por tantas coisas, que continuam se repetindo mesmo depois de 12 anos, por exemplo... que as vezes eu perco a força sabe, eu deito e durmo sem que caia uma lágrima sequer porque já doeu antes, ou talvez nunca tenha parado de doer...e talvez nunca pare... e eu me sinto pressa, algemada a essa tristeza pq ela é jogada na mh cara quase todos os dias, não tem como ser diferente, esquecer, tá ali, sempre ...  A gente se acostuma a tudo, até a ser machucado por quem a gente mais ama, porque sabe que não é de proposito o que faz doer ainda mais. 

    Um desabafo, eu deveria me conter!

    bjo

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  3. Adriel silvamarço 19, 2012

    Depois de tanto sofrer vamos criando pequenas potinho de força, que sempre que precisamos sabemos que estão la na hora H.

    Sofrer é se conhecer.

    Te amo amoR!

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  4. Adorei o texto. A vida é doída mesmo.
    Que venham muitos sorrisos pra vc depois das lágrimas :)
    beijos

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  5. Simone Oliveiramarço 20, 2012

    Perfeito, Lu. :*

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  6.  Acho que te entendo um pouco, Lu. E concordo, a gente vai se acostumando com as coisas ao passar do tempo... é tanto machucado.

    Beijo!!

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  7. Verdade, amor. Dizem que é do sofrimento que surgem os maiores aprendizados. Vai que e verdade.

    Te amo! ♥

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