It's me!

34. Recifense morando em Caruaru.
Canceriana com ascendente em sagitário.
Psicóloga no RH. Viciada em café.

Luciana

What Read Next

O infinito é sempre



- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
('O dia que Júpiter encontrou Saturno' - Caio F. Abreu)


Ontem a dor não chegou e as cenas ficaram congeladas diante dos olhos dela. A bebida continuou no copo e as palavras continuaram guardadas no silêncio da voz que não saiu. Foi simples e rápido, porém marcante. Encontraram-se por acaso a alguns metros do chão e os olhares se encontraram para nunca mais se perderem.

Ele estava de branco por que branco é calma e isso era tudo que precisava na sua vida tumultuada sete dias por semana. Ela também estava de branco, não por opção, mas por que era a única cor que lhe cabia. Foi a primeira pessoa que ele viu ao entrar. Parada na varanda, olhando estrelas e misturando-se à imagem da noite já caída. Próximos um ao outro pareciam personagens do mesmo quadro. Combinavam, apenas.

Nas entrelinhas do tom de voz, liam-se silenciosamente com a intimidade dos que já se conhecem mesmo sem se conhecerem. Poderia ter sido em outra vida, alguma dimensão desconhecida ou outro planeta inexplorado. Talvez seus signos combinassem e no meio de todas as linhas de algum mapa astral estivesse escrito que se reencontrariam. Vinte anos, provavelmente.

Ele disse que os olhos dela pareciam duas estrelas maduras que despencaram do céu quando cansaram de iluminar os humanos. Decidiram brilhar apenas para uns poucos que tivessem sorte de olhá-la de perto. Ela disse que o cabelo dele era exatamente da cor do céu noturno, um cinzaescuroquasepreto. Ele falou que queria beber e fumar à vontade e por isso saiu de casa. Ela simplesmente não tinha casa e queria encontrá-lo já faz muito tempo. Havia saído da vida dele antes mesmo de entrar, pela tangente, em uma tarde fria e um acidente de carro.

Seus corpos não se aproximaram e nem trocaram carinhos além dos contidos em seus olhos e sorrisos. Na condição em que se encontravam, não precisavam mais disso. Ao final da noite não ficariam juntos, procurariam um pelo outro nos corpos de outras pessoas e não se encontrariam. Ele sentiria saudade dela na manhã seguinte enquanto ela já sabia com era ter saudade dele. Se perderiam hoje para se encontrar em algum outro lugar. No infinito, onde as linhas paralelas se encontram.


Imagem: daqui.


Comentários

  1. Nossa Lu, que lindo!
    Lindo e lindo, singelo, dá vontade de sorver cada linha...
    Tão puro e tão cheio de complicações, como os nossos encontros e desencontros mesmo.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Encontros e desencontros...

    A Lua iluminando passos que se perdem... ou se encontram...

    Tão lindo, tão intenso, amei Lú!!!

    beijocas

    ResponderExcluir
  3. Amor além das nuvens.
    Muito bom isso tudo.
    Simples, calmo e singelo.
    Belo

    bjim e bom texto

    ResponderExcluir
  4. Queria uma vida sem desencontros...

    Lindo texto Lu!

    Beijos

    ResponderExcluir
  5. E meus olhos seguraram as lágrimas...
    Daqui sorrio feliz
    Lindo texto

    ResponderExcluir
  6. Detesto me perder... melhor, detesto me perder de alguem que amo.
    Isso machuca.

    Lindo, como só voce é capaz de escrever.

    BeijO amiga e que não nos percamos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *