Para ler ao som de "Vigília/Não há de ser nada" - O Teatro Mágico
Você tem estado comigo praticamente em horário integral, eu sei, mas hoje resolvi te escrever. É estranho escrever uma carta para quem a gente vê todos os dias, não acha? Já rasguei vários papéis, começo a escrever e rasgo. Não sei descrever como estou, o que estou sentindo, mas vou tentar novamente. Apesar de você já ter notado pelas minhas pontuações sumidas, hoje preciso te dizer que não estou bem. Realmente não estou nada bem. Eu sei, sei que tento esconder e que de nada adianta, pois você consegue me decifrar inteira e com qualquer contato minúsculo. Então, estou apenas sendo óbvia.
Ontem eu quis dormir para esquecer e hoje eu não quis acordar. Quis simplesmente fazer tudo sumir, entende? Jogar fora toda essa parte heavy metal da minha vida e ficar somente com a parte bossa nova. Eu quis, mas como era de se esperar, não tive. Enfrentei o dia sentindo o passar arrastado do tempo e pedindo socorro mentalmente. Engoli o choro e desde ontem não choro. Estranho.
Os anos vão passando e parece que uma parcela da vida - senão a maior - simplesmente se mantém imóvel, indiferente ao correr das horas e ao amarelar das páginas. É sempre a mesma merda e eu me pergunto até quando. A resposta obviamente não vem. Daí dá aquela raiva, sabe? Aquele nó na garganta, a falta de paciência e a vontade de mandar o mundo intiero se foder. São nesses momentos que também não contenho os palavrões, desculpa.
Parece que meus sonhos estão morrendo. Todos eles estão na UTI e as esperanças foram todas embora na primeira lágrima que caiu. O milagre que vivi esperando não acontece e não aparece nenhuma estrela cadente que possa realizar o meu pedido. Simplesmente não há estrelas, sumiram todas. Os momentos ficam todos em branco e preto e não há nenhuma elegância nisso. Não quero nada, não faço nada e tudo que eu queria te dizer é que eu preciso de você para não esquecer quem sou.
Escolhi as palavras porque hoje só tenho silêncios. Fique bem e tentarei ficar também.
Um beijo,
Eu.
Reflexos de um dia monocromático e completamente inspirado por essa música do O Teatro Mágico.
Imagem: daqui.
E com um mundo de lápis de cor te ajudo a pintar tudo denovo com calma para não borrar...
ResponderExcluirTe amo minha pequena!
e nunca vai se esquecer pois nunca me esqueço
de como é bom ter você em minha vida.
te amo!
Bem-vinda ao clube dos que escrevem cartas para pessoas com as quais falam diariamente! Também faço isso e, no meu caso, sei o porquê : é tanto querer que a boca não dá conta de falar, os dedos não dão conta de digitar, o sentimento transborda pelo tempo e escorre. Daí, pra não deixar nada sem ter dito, eu recolho e reúno em cartas.
ResponderExcluirÉ, sou doida, eu sei.
Feliz ano novo, flor!
Um beijo.
ℓυηα
Gostei muito do teu texto. Traduz teus sentimentos de uma forma clara e ao mesmo tempo complexa e isso deu o charme nas tuas palavras. Parabéns e continue assim (: Beijos
ResponderExcluirTexto intenso. Sentimentos intensos, nos quais a tarefa mais difícil é não culpar ninguém além de si mesmo. E quem nunca sucumbiu a sentimentos ou dias assim, que atire a primeira pedra.
ResponderExcluirSabe o que eu acho?! Que você sabe exatamente como se sente...
ResponderExcluirsó tem medo ou receio de abrir o coração pra si mesma.
Se entregue, não fique com medo..
e se não der certo arrume forças da onde não tem pra suportar,
você não está sozinha, acredite nisso!
bjs linda
Não importa qual será o desfecho e se a pessoa saberá ou sabe que você escreveu isso. O que realmente importa é a sinceridade, a verdade e a intensidade das suas tão diretas e sofridas palavras, que parecem ter sido escritas com o mais profundo do seu coração. No final das contas o que realmente importa é isso. Sermos sinceros com nós mesmos. E pode ter certeza que você foi e foi MUITO!
ResponderExcluirBeijo!
As estrelas estão sempre lá, ainda que não brilhem. Uma hora elas aparecem reluzentes como nunca.
ResponderExcluirBeijo, lu.
Eu sempre escolho as palavras esritas quando sou só silêncio. Sei bem como é quando sonhos começam a morrer, é triste, mas sae, sonhos novos aparecem. Não tenha medo de chorar e, muito menos, de xingar se for preciso.
ResponderExcluirBeijo, moça.
Você faz isso raramente, mas olha eu. Sempre escolhendo as palavras. Sempre tecendo o melhor de cada texto para no fim não sair nada que preste. Porém você consegue expressar tanto escolhendo quanto não escolhendo. E às vezes é assim. A gente sempre tentando mostrar amor por quem já sabe que a gente a ama.
ResponderExcluirMeu beijo!
Realmente, a gente procura por palavras e às vezes não encontramos nenhuma suficiente o bastante para nos expressarmos, mas o que vale é o sentimento e a intenção que se põe nelas. E seja lá para quem for, essa pessoa certamente vai entender.
ResponderExcluirSe permita a sair da inércia.
ResponderExcluirEu amei o começo da carta.
ResponderExcluirela toda, mas o começo foi massa demais UAHSUAHSAUHSAUSHAUSHAUSHAUSAHSUH >.<
Tipo, já fiz dessas de escrever pra quem eu via todos os dias. Foi um tiro no pé, mas foi uma das coisas mais gostosas de escrever.
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ResponderExcluirTexto intenso e cheio de sentimentos marcantes.Amei!!!
Os sonhos sempre renascem e nós com eles.
Lu, quanto ao trecho que você me enviou, procurei em alguns livros e não encontrei, mas sei que tem muitos textos/crônicas do Caio que não foram publicadas em nenhum livro, talvez faça parte deles e infelizmente isso não tenho.
Vou listar aqui os livros que procurei.
- Morangos mofados
- Cartas
- Pequena epifanias
- Ovelhas negras
- Teatro completo
- Os dragões não conhecem o paraíso
- Onde andará Dulce Veiga?
- Limite branco
- Inventário do ir-remediável
Sinto muito não poder ajudá-la. Qualquer coisa mais, se eu puder, ajudarei com maior prazer.
Beijos
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Oi flor, cadê você?
ResponderExcluirsó não se desculpe pelos palavrões..
ResponderExcluirno mais é preciso se descompor para se recompor. porque o copo tem que esvaziar.
e se é difícil continuar acreditando, a gente vai continuar acreditando ainda mais, só de sacanagem ;)