It's me!

34. Recifense morando em Caruaru.
Canceriana com ascendente em sagitário.
Psicóloga no RH. Viciada em café.

Luciana

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Paixão



"sem sofrimento, não há romance".


Seria uma noite irrelevante, sexta-feira daquelas em que saímos para encher a cara e, se tivermos sorte, encontraremos alguma mulher com a qual não acordaremos no dia seguinte. Seria, assim mesmo, nessa conjugação verbal. O roteiro da noite mudou exatamente enquanto eu estava naquela mesa de bar e a reta do meu olhar se encontrou com a reta do olhar dela. Infinito, desde então. Paquera, flerte, ou como quiser chamar, só sei que após algum quarto de hora já estávamos próximos e quase íntimos.

Daí em diante fomos vendaval. Eu tinha a certeza de que entre nós havia mais do que a famosa química. Éramos química, física, geografia e qualquer outra matéria que pudesse ser dita. Éramos sol e lua, frio e quente, amargo e doce. Ela havia chegado e, em pouquíssimo tempo, já havia roubado de mim algo além do desejo. Ladra sem vergonha que fazia meu estômago dar voltas e eu me sentir um babaca apaixonado com apenas uma madrugada febril. Fiz dela o meu país estrangeiro e ela fez de mim o que bem quis. Eu sabia, sabia que estava prestes a agir como uma mulherzinha, mas sim, eu pretendia tê-la mais de uma vez e, quem sabe, por longos anos.

Fiquei louco, insano e ela sorria para mim, ofegante e fazendo charminho com aquelas unhas longas e vermelhas. Pedaços do meu sangue em seus dedos. Um pacto silencioso e até então unilateral. Depois de muita brincadeira, ela dormiu no meu peito e eu respirei, adormeci. Sonhei mais insanidades, talvez um reflexo de carência ou desejo de realidade. Foi real, era real.

Dia seguinte, manhã de sábado e a cama vazia. Meu estranho amor havia escoado pelo ralo, foi levado embora por ela, a ladra que amei por uma madrugada. Acreditei que havia despertado algo nela, um pouco do que ela havia despertado em mim. Levantei e no espelho havia colado um papel que dizia:

"Te faço sofrer com a agonia da espera, mas sofrimento é tempero do romance. O amor é triste e a paixão há de ser como a noite: eterna. Se quiseres a eternidade comigo, assim como quero contigo, me procura. Um beijo, Ana. 35554789"


Em seguida, tudo que ouvi foi sua voz dizendo oi e a eternidade apenas começando.




Texto escrito ao acaso e completamente inspirado por este vídeo aqui, que traz cenas do filme Romance com a música "Nosso estranho amor", do Caetano Veloso.



Imagem: daqui.


Comentários

  1. Que texto mais envolvente. Ameiii

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  2. Luuuuuuuu, que texto fascinante, muito envolvente.
    Você descreveu de uma forma que ao ler podíamos sentir o que acontecia... muito interessante.
    Lindo texto,
    bjsssssssssss

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  3. Impressionante sua descrição quanto a paixão, pois eu observei o quanto envolvente o texto se mostrou.
    São raros os textos que envolvem tanto quanto o descrito.
    Meus parabéns!!!
    Tenha uma ótima semana.

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  4. gosto de ser sugada pelo ralo, gosto estranho esse meu, aparecer e depois sumir é uma das coisas que faço de melhor (na falta da minha capa de invisibilidade)

    escreve tão bem que sinto inveja.

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  5. Eu não sei se acredito em eternidades.
    É uma utopia interessante.. É poesia.
    Mas gostei bastante do conto, mamis.
    Sempre escrevendo tão bem..
    =**

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  6. adorei o texto, muito bom.
    queria ver o video, mas nao consegui link nenhum =(

    beijoos flor

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  7. Nossa, tão bonito esse conto.
    As vezes acontece bem assim, sem querer.
    O video eu tinha visto no teu orkut e amei.
    Tenho que ver este filmeeee!

    BeijO Amada!

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  8. HAHAHA Os homens deveriam ler isso, afinal, quando acontece o contrário, a gente fica sem chão, sem teto e sem parede. haha

    Muito bom, muito.

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  9. Oi, é com grande prazer que dedico um SELO para você.

    Entra no Viveiro de Versos.


    Forte Abraço!!!

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  10. Que perfeito Lu!
    Quando estava desacreditada da eternidade, lendo sobre o lençol vazio, tu cala a boca de todo mundo, terminando o texto com perfeição. Amei!
    Ô tema bom pra uma postagem coletiva.

    Beijocas

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  11. Algumas noites valem por um vida inteira, sabe!

    Charlie B.

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  12. Isso mesmo, algumas noites valem por uma vida inteira... pensei que o texto fosse terminar em angústia, mas terminou tão leve! Adorei.
    Um beijo

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  13. Tem um selo pra você no meu blog.

    Abraço!

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  14. Cacetada!
    Cacetada de novo!
    Muito bom esse teu post. Jesus, bem escrito e sei lá, mexeu comigo.
    Bem queria que houvesse mais homens dispostos a viver eternidades, amando com essa sinceridade e vontade toda.

    Um beijo.

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