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34. Recifense morando em Caruaru.
Canceriana com ascendente em sagitário.
Psicóloga no RH. Viciada em café.

Luciana

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Criatividade, Winnicott e a vida...


Segunda feira, início de mais uma semana. Para alguns é mais do que isso é o dia de colocar planos em prática, iniciar mudanças na vida e etc. Para outros é o retorno a cansativa rotina de estudo e/ou trabalho, o retorno ao tédio dos dias comuns e sem atrativos... Admito que pertenço a esse grupo.

O dia começou ruim e permanece assim até agora. Porém, algo me chamou a atenção na única aula interessante da manhã, a de desenvolvimento psicológico II. Começamos a teoria de Winnicott e nela, um conceito me “atraiu”, o conceito de criatividade. Em Winnicott, um pediatra e psicanalista inglês, a criatividade não está ligada às artes, ela é uma criatividade na vida. Para ele, a vida deve ser vivida de modo criativo, para que o sujeito sinta-se vivo e tenha a capacidade de criar o mundo onde vive. É re-significar a própria vida... Sentir que está vivendo a própria vida, ver tudo como se fosse a primeira vez, sentir-se capaz de criar o mundo e, o mais importante, sentir que está vivo! Para ele, o viver criativo não demanda nenhum talento especial, como a palavra nos leva a pensar em primeiros pensamentos. Esse viver criativo tem a ver com a noção de presença daquilo que mais nos caracteriza como humanos: a impregnação da realidade com nosso toque especial.

Nesse momento da aula, me peguei distraída... Eu estava pensando na minha vida e, na verdade, na vida de muitas pessoas. Me perguntei: Será que estou vivendo minha própria vida? Encaro as coisas como se fossem novas? Estou realmente viva?

Essas perguntas já me foram feitas antes, mas hoje, no contexto em que me encontro (em meio a mais crises...) elas tiveram forte impacto, pois percebi que não vivo criativamente. Com os exemplos da professora, a ficha foi caindo, e eu me enquadrava cada vez mais nesse perfil dos “não vivos”. Não posso falar por outras pessoas sobre o que sentem, mas percebo em meio ao meu pequeno círculo social, que não sou a única assim... É mais comum do que se imagina. A sociedade está repleta e pessoas sem criatividade (no sentido winnicottiano) e que, por causa disso, vivem maquinalmente a mesma rotina entediante e até adoecem por causa disso.

Como mudar isso? É simples tornar-se criativo de repente?
- Não, não é!

Tentar é importante! Uma frase que essa professora falou e que me chamou a atenção foi: “apesar da rotina, de fazer as mesmas coisas sempre, devemos encarar isso como novo. Fazer ‘o de sempre’ como se nunca tivesse sido feito”. Vivemos anoitecidos pelos acontecimentos do dia-a-dia e raramente notamos as belezas que existem no mundo. Vivemos? Acho que vegetamos...

Pressões de todos os lados. Viver em um mundo que cobra perfeição não é fácil... É uma guerra sem fim, onde, de acordo com a lei da selva, só os mais fortes vencem. E os depressivos, onde ficam? São devorados? – começo a pensar que sim.

Enfim, criatividade é mais do que ter capacidade artística, é uma maneira de ter a vida em suas mãos e fazer dela uma passagem de tempo única, só sua, onde cada ato valha a pena.

Então, por que não tentar ser criativo?


*Para saber mais sobre Winiccott: http://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Woods_Winnicott

Comentários

  1. Acho que somos alimento sim, dos não depressivos.
    Li o artigo e me interessei pela Teoria e curioso é que a nós sempre precisamos entrar nos eixos. Ai de nós se não o fizermos, já sabe. Paulada na cabeça. É mais ou menos aquele joguinho de criança que consistia em bater com um martelinho nas topeiras que resolviam sair do buraco. Sou uma dessas topeiras. Talvez precise ficar no buraco como os outros. Maldito estado transitório chamado "Ser diferente"
    Tinha um professor que dizia: Na natureza ou você come ou será comido. Heheh. Lei da Selva.

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  2. "E os depressivos, onde ficam?"

    Dizem que os depressivos tem uma forma única de ver a vida(alguns)...e quem disse que os depressivos são fracos?São tão fortes quanto qualquer pessoa,a única diferença é que fazem o favor de não enxergar isso...

    Não precisa de formulas mágicas para viver a vida.Comece se perguntando:o que faço no momento é o que eu quero?Muitos sabem a sua própria receita de como levar a vida,mas esqueceram-na(ou perderam ela para a rotina).

    Então,ainda lembra onde guardou o pedaço de papel com a sua própria receita?

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